A Casa de Carnes Frigorífico Goiás Ltda, em Goiânia, conhecida pelo apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a ganhar repercussão após polêmica com cartazes em sua vitrine.

Na última semana, o estabelecimento havia colocado um aviso com a mensagem: “Petista aqui não é bem-vindo”. Após determinação do Ministério Público de Goiás, que considerou o cartaz discriminatório por motivo político, a empresa foi obrigada a retirar o material.

No lugar, o proprietário, Leandro Batista da Nóbrega, instalou um novo aviso:
“Ladrão aqui não é bem-vindo. Quem apoia ladrão também não.”

O frigorífico já havia ficado famoso no meio bolsonarista pela venda da chamada “Picanha do Mito”, comercializada com a imagem de Bolsonaro. O local também já estampou produtos com a foto de Donald Trump e acumulou uma série de polêmicas e investigações.

Histórico de polêmicas e denúncias

Morte de cliente

Em 2022, durante o primeiro turno das eleições, o frigorífico lançou a promoção da “Picanha do Mito”, vendida a R$ 22 o quilo. A ação atraiu uma multidão e gerou tumulto.
Durante a confusão, a cliente Yeda Batista, de 46 anos, acabou sendo prensada na porta do estabelecimento. Ela sofreu uma grave lesão na perna, que resultou na ruptura de uma veia e hemorragia interna. Yeda não resistiu.

O marido, Wanderley de Paula Dias, capitão aposentado do Corpo de Bombeiros, relatou:
“Ela gritava de dor, a perna inchou muito. No hospital, descobrimos que a veia estourou. Nem deu tempo de fazer cirurgia. Foi uma perda imensa.”

O caso foi registrado como morte acidental.

Propaganda eleitoral irregular

Ainda em 2022, o frigorífico também chamou atenção por utilizar imagens de Bolsonaro e do cantor Gusttavo Lima — então sócio do negócio — em promoções. A Justiça Eleitoral proibiu a prática, determinando a suspensão imediata da publicidade sob multa diária de R$ 10 mil.

A empresa também chegou a usar um helicóptero adesivado em verde e amarelo, com os dizeres “Bolsonaro Presidente”, em uma motociata em Goiânia. Por esse episódio, o Ministério Público Eleitoral pediu a condenação do frigorífico e de Gusttavo Lima ao pagamento de R$ 20 mil por propaganda irregular.

Uso indevido de imagem

O cantor Leonardo processou o frigorífico em 2020 por uso indevido de sua imagem. Segundo ele, após receber uma caixa de carnes do estabelecimento, publicou uma foto em suas redes sociais agradecendo. A empresa, no entanto, continuou usando a foto em propagandas sem autorização.

Produtos vencidos

Também em 2022, o Procon autuou a empresa por vender alimentos impróprios para consumo. Na fiscalização, foram encontrados:

• 44 kg de carne sem data de embalagem ou validade,
• 5,5 kg de carne vencida,
• 10 unidades de suco e temperos vencidos.

Todos os produtos foram apreendidos e descartados.

Repercussão

A empresa, apesar de diversas denúncias e investigações, mantém apoio de parte dos simpatizantes de Jair Bolsonaro. O Correio tentou contato com a Casa de Carnes Frigorífico Goiás Ltda., mas não obteve resposta até a última atualização.

O espaço segue aberto para manifestação da empresa.